7.29.2005

eu te lançava cusparadas no sublime
e te esperava numa esquina madrugada
eu sabia que você não vinha
e você ria
e você ria
e você ria

eu te esperava numa esquina madrugada
de amor com curitiba e ninguém vinha
na madrugada o seu amor não era nada
você não vinha
você não vinha
você não vinha

eu te encharcava o corpo inteiro com cachaça
e te mandava para o quinto dos infernos
você dançava sobre as minhas cusparadas
e bebia
e bebia
e bebia

e eu vivia amaciando a tua graça
minha gravata pendurada no teu pelo
eu passeava pelos cantos pelas praças
você mentia
você mentia
você mentia

eu gravava nos detalhes nosso sonho
e botava no fantástico em cadeia nacional
você dançava a noite inteira sobre o cuspe
e eu dançava com você sobre o meu corpo
em cadeia nacional
eu não podia
eu não podia
eu não podia
sou um poema de ondas curtas
minha natureza clandestina
não permite
ver a cara do capitão


um poema de pernas curtas
os pulmões
não permitem
o fundo

sou o que resta sobre as águas
tudo já foi dito
mas como eu não acredito
deixo o dito
pelo não dito

e se você quiser
eu repito
foi no poema vem pra vida
que eu chamei você amor

vê se desce dessa trança
e vem dançar comigo

sai daí
desse congelador
nada mais é
como eu pensava
a dois segundos atrás

dois passos adiante
menos dois passos a mais
só falta meio mundo
pra eu viver entre as pessoas normais
não é por querer ser moderno
não é por querer ser modesto
presto o poema um relance
preste atenção nas nuances
palavra a palavra a palavra
me revira pelo corpo: lava
palavra palavra tropeço
palavra me vira do avesso